O Último Capítulo de Duas Histórias Tristes

Ontem, acordei por volta das seis da manhã. Estava um dia triste, nublado, frio, com chuva. Parecia que ele sabia que não seria um dia dos melhores.

Me deitei no sofá na varanda de casa e, com a Biga nos meus pés, chorei tudo o que ainda não tinha tido oportunidade de chorar. Depois, peguei o computador e fiquei relendo aqui no blog tantas coisas boas de nossas vidas, tantas lembranças e percebi que aquela era minha realidade. Tenho o Fabricio, tenho minha mãe, tenho uma família inteira, tenho um montão de amigos e, principalmente, tenho meu amado e querido Lucca. E, por ele, me levantei dali pronta para enfrentar tudo o que eu sabia que viria pela frente naquela sexta-feira cinza. 

E, infelizmente, foi o que esperávamos. O BetaHCG já está baixando e na USG, apesar de ter um bebezinho ali, ele não se mexe e seu coraçãozinho não bate. A médica então me deu várias alternativas para seguirmos em frente.

Hoje, novamente sem sono às sete da manhã, da minha sala vejo que nasce um dia um pouco mais bonito, com sol tímido. Sinto-me ainda meio triste mas já com forças para fazer tudo que preciso.
Após o almoço, a médica vai me internar e, dando tudo certo como dará, se Deus quiser, amanhã à tarde terei alta.

Tenho sido bastante forte para lidar com tantas coisas que vem acontecendo. Umas vocês sabem, outras somente nós aqui sabemos. Mas, com certeza, essa força que vem me acompanhando é originada de tanta vibração boa que venho recebendo, principalmente, daquele montão de amigos que citei lá em cima.

Vocês são espetaculares! Quantos comentários, quantos emails, quanta gente torcendo, vibrando e orando por mim! Eu que sou carentinha de natureza, estou especialmente encantada com tudo isso.

E, em meio a tantas manifestações e emails que recebi durante essa semana, recebi o email da Angélica, a respeito da matéria do jornal, me dizendo que ela havia feito contato com  a Coluna do Ombudsman da Folha de São Paulo e que havia tido um retorno. Segundo a informaram, no próximo domingo novamente o assunto será abordado no jornal e, além de conversarem com ela,  eles queriam também meu contato para conversarem comigo. 

Apesar de tudo, eu quis conversar com a Folha de novo. Primeiro, porque somente uma outra matéria lá mesmo pode ter a mesma dimensão que teve a primeira, só que agora, para o lado positivo. E, segundo, porque quero apagar isso da minha cabeça. Não quero guardar mágoa de nínguém. Não quero passar por uma banca de jornal daqui três anos e ficar com raiva, lembrando tudo que aconteceu. Então, nada como botar um ponto final.

Conversei com eles por telefone e me disseram que estavam tomando essa atitude pois a repercussão da matéria foi muito grande (parabéns a todas vocês!). Expus toda minha indignação, contei o que mais me chateou na matéria, defendi os nossos amados cantinhos e as nossas verdadeiras intenções quando escrevemos por aqui. 

Bom, enfim, amanhã, espero apenas conseguir dormir até às dez, como de costume num domingo, quando abrir a janela do quarto do hospital, espero ver um dia lindo, de muito sol e céu azul, espero que tenha dado tudo certo com meu procedimento e, por fim, espero que saia, por todas nós, uma reportagem legal na Folha.

Daí, será o ponto final que preciso para, na segunda-feira, começar a vida de novo, com o final de duas histórias tristes de minha vida.