29 Semanas - Cesária Eletiva ou Parir Sozinha numa Caverna

A minha vida tem tomado rumos muito opostos a cada vez que paro para refletir sobre esse assunto. Como já disse aqui, tendo em vista minha experiência no parto do Lucca, estava meio temerosa com a aproximação sem saída do parto da Sofia.

No entanto, com o decorrer do tempo esse assunto tem povoado meus pensamentos de uma forma bem legal. Mas, isso devido a um grande trabalho de reprogramação mental. 
Inicialmente, no auge da crise, evitei falar sobre o assunto, ler ou assistir vídeos e até mesmo ouvir opiniões. Pedi muita ajuda a Deus e ao meu Anjo da Guarda que me dessem forças para lidar com essa minha dificuldade. 
Então, decidi abordar esse tema durante minha terapia e pedi que para a minha querida Psicóloga para a gente conversar muito sobre o que houve e o que virá. 

Mas sinto que a verdadeira transformação veio mesmo de dentro de mim. Conforme fui orientada, comecei a visualizar o parto da Sofia como um momento bom, gostoso e feliz. A via feliz em meus braços, lhe fazendo carinhos. E esse foi o começo de tudo. Foi assim que comecei a parar de suar frio de medo, foi assim que comecei a pensar no parto como algo bom.

Também enfiei na minha cabeça que iria me cercar de pessoas carinhosas e de confiança, principalmente o Anestesista. Queria um parto mais humanizado. Percebi que o que me faltou, acima de tudo, foi isso.

Mas, para conseguir o Anestesista que eu queria, precisaria ser uma cesária eletiva, com data marcada. Por algum tempo, achei ótima essa idéia e por mais que eu fosse sacrificada por aí, achei que aquela era a melhor idéia.

Bom, acontece que eu comecei a fazer Yoga para gestantes num lugar espetacular. A professora é maravilhosa e os conceitos mais ainda. E nessa semana tivemos um encontro com uma Enfermeira Obstétrica aposentada que atualmente atua como Doula. 

Entre perguntas e respostas, vídeos de parto normal, ansiedade e lágrimas de emoção, ela comentou sobre o momento do nascimento do bebê, o quanto é importante esperarmos seu momento para nascer. Ela nos disse que as contrações uterinas provocadas pelo trabalho de parto funcionam como abraços no bebê, uma coisa boa, gostosa. E esses abraços vão dando um start em todas as suas funções vitais. Por isso que, na maioria das vezes, quando o bebê nasce de parto normal, não precisa nem ser feita aspiração manual pelo Pediatra. Seus pulmões já saem funcionando, sem líquido nas vias respiratórias, o que diminui pra quase zero a possibilidade de aspiração desse líquido com um prognóstico de bronquite e asma. 

E daí ela contou, sem qualquer radicalismo, sem nenhum tom de reprovação - até porque ali ninguém sabia das minhas cruéis intenções, que na cesária eletiva, muitas vezes o bebê está dormindo, tranquilo, quando o corte é feito na barriga e no útero da mãe e ele acorda assustado, com duas mãos estranhas o retirando dali, e vem a luz, e vem aspiração, e vem colirio. Não era pra ser aquela hora, ele não estava esperando, preparado. Quase morri de remorso só de pensar em ter pensado numa hipótese dessas.

Foi então que tomei outra decisão: vou esperar a horinha dela. E, dessa forma, vou deixar rolar o trabalho de parto. E se tiver que rolar normal, que venha, não tenho o mínimo de medo, nunca tive. E se tiver rolar cesária, que venha também. Lógico que já fico mais temerosa com essa hipótese mas, quer saber? Sobrevivi da primeira e se tiver que vir outra, que venha. 
Mas, vou lutar pelo normal, pelo natural. Acho que eu mereço isso e a Sofia também.

A Doula ainda comentou que a Casa de Saúde, onde será meu parto, está com uma equipe bem humanizada, já se acostumando com a ocorrência de partos normais com maior frequência, o que também me aliviou bastante.

Pois então, diante de todos esses fatos, a tendência agora é demitir o Anestesista e contratar a Doula. Depois de ir até os dois extremos - desde ter vontade de parir numa caverna, sozinha, até de marcar data para o parto, estou muito feliz com meu crescimento e com minha tranquilidade e acho que, agora, não mudo mais de idéia...