É muito ruim a gente ter pessoas presentes em nossa vida somente por conta de sua ausência. Um pai ausente, por exemplo, fica sempre presente em nossa vida, em nosso pensamento, como um grande vazio.
Eu tenho um pai e trago ótimas lembranças dele. Na minha infância ele foi muito presente e, talvez por isso, ainda hoje sinta muito sua falta. Me lembro claramente de ser muito brincalhão, de me levar muito para passear, de ser rígido e que me trazia Sufflair quase todas as noites.
Há quase trinta anos, me mudei de cidade com minha mãe e a distância provou que só o sangue não cria vínculos. Meu pai continuou sua vida, me mandava presentes e telegramas no aniversário e no Natal, se preocupava comigo mas, nos vimos pouquíssimas vezes. Com dezenove anos, ganhei dele um carro, o qual acabei vendendo anos depois para quitar minha faculdade.
Sempre fiz muita questão de manter contato com ele, inclusive com incentivo de minha mãe. Eu queria saber mais sobre minha história através dele, saber de quem puxei meu queixo, meu jeito de falar, aquelas coisas de família mesmo.
Mas, no decorrer da minha vida adulta, conheci a decepção e dei de cara com a total falta de afinidades dele para comigo. Me senti por muitas vezes rejeitada mas, seguindo meu entendimento sobre a vida, nunca desisti de seu amor.
Durante minha gravidez, ele se preocupou muito comigo. Me ligou algumas vezes e no dia do parto, quis saber se tinha corrido tudo bem. E foi só.
Desde então, trocamos poucas palavras por telefone por duas ou três vezes, ocasiões em que eu lhe telefonei. Não conhece minha casa, não conhece meu filho e, afirmo, não me conhece, não sabe nada de mim.
Por muito tempo me culpei por tudo isso e me questionava por que ele era assim. Hoje em dia, sendo mãe e conhecendo o que é amar um filho, sei que ele não me ama, nunca me amou. Mas, não o culpo por isso. Talvez seja por amargura, talvez por tristeza ou por medo de sofrer mais uma vez - a vida lhe foi muito dura.
Hoje, em meu coração, o "por que?" já deu lugar ao "como?". Não quero mais saber de seus motivos mas, sim, como pode conseguir viver sem o amor das filhas e dos netos? Como?
Nunca mais lhe telefonei porque não tenho tempo, porque não tenho assunto e porque, de um tempo pra cá, comecei a acreditar seriamente que ele prefere assim. Respeito então sua vontade.
Fiz questão de publicar isso aqui no meu querido bloguinho porque isso faz parte da minha história e também porque preciso guardar provas concretas pra mim mesma para no futuro ter certeza de que sempre agi de forma correta nessa questão. Não quero nunca mais sentir culpa por isso. E nessas datas comemorativas, isso se torna quase impossível.
De qualquer forma, meu coração está aberto, não guarda mágoas, e continua a sentir algo bom por meu pai. E, mesmo de longe, física e espiritualmente, eu desejo que ele estaja sempre bem e que amanhã tenha um dia feliz. O que mais eu posso fazer?...
11 comentários:
Deve ser dificil ter o pai presente e derrepente ele não fazer mais parte da sua vida...
Voce tem um coração de ouro, pois tentou manter sempre contato...
O que posso dizer??? acontece...
Não sei o que falar, pois nem sei o que se passa na cabeça dele...
Espero que vc sinta menos essa ausencia dele ( o que é quase impossivel)
E fique tranquila pois vc fez sua parte...
bjão e que tudo fique bem :)
A e qqr coisa estou aqui ;)
Gi, emocionante, como tudo que vc escreve!
não se culpe, vc tem conseguido fazer imensamente diferente com o SEU filho... e nunca saberá os motivos pelos quais com vc não foi assim...
beijo
Menina...não acredito que eu li tudo isso...você me descreveu completamente, eu me sinto exatamente como você!!
Na infancia meu pai me dava atenção, a gente passeava, ele me ensinava a nadar. A vida tb foi muito dura pra ele, antes de eu nascer [e um pouco depois tb, fui doente quando criança e sei que ele fez o impossível pra que eu não morresse..]
Enfim, a historia é loooonga, mas o final é que depois que cresci, perdi a graça pra ele. Eu e minha irmã já conversamos sobre isso e ela tb se sente assim. Acontece que ele ama de paixão o meu filho, mas tenho medo de quando ele crescer o avô o abandonar como o pai fez comigo..
Meu pai está presente quando preciso de dinheiro, ele dá o que pode, o que tem, quando estou doente, ele faz o que pode pra aliviar minha dor, mas no dia a dia, nas coisas aparentemente superfluas, ele não esta presente. Nunca me abraça, eu falo ele não escuta, não ri de nada que eu digo, me deixa falando sozinha..enfim, me sinto A mulher invisivel..
Fazer o que..já até me acostumei..e agora assim como vc me pergunto COMO ele consegue ser assim? Como ele pôde gostar de mim quando criança e me ignorar depois de adulta? Sei lá...Só Deus sabe!
Gi, entendo perfeitamente esse sentimento. No meu caso a complexa situação é com minha mãe....não tenho contato com ela a muuuuitos anos e ela nem sabe que tenho dois filhos.
A história é longa mas o importante é que temos a oportunidade hj de fazer nossa história familiar diferente. Pretendo ser uma mãe presente mas sem sufocar, quero ter a oportunidade de demonstrar todo o amor que sinto pelos meus filhos, hj como mãe sei que ela não me ama o suficiente pra se interessar por mim, por minha vida!!
Fique bem, faça sua história, seja a melhor mãe do mundo e tenha o maior pai que o Lucca e seus outros filhos poderão ter.
Bjão
Cris
Gi,
Eu sou testemunha das suas (e da Si) tentativas de reaproximação e do aparente descaso por parte dele, acredito que ele é uma pessoa amarga e infeliz, principalmente por perder a oportunidade de conhecer uma pessoa tão iluminada, boa e justa como você.
Beijos, sinta-se abraçada e muito amada!
Mãe
Já viu vc lá no TOP 5 do Recanto??
Bjão e ótima semana!
Genis
Olá!
Essa postagem me emocionou, eu tive um pai presente, mas lembrei de tantas amigas que assim como você tentaram se aproximar do pai, mas não tiveram êxito.
Fizestes o teu melhor e isso é importante.
Você está no nosso Top Five do Recanto com esse emocionante texto.
Beijos.
Apesar de dificil, não se culpe. Nem sempre as coisas são do jeito que a gente gostaria que fosse. Mas fique tranquila, tudo tem uma razão. E você pode fazer totalmente diferente com seu filhão, não é mesmo??
Beijoos!
OI Giovana, muito bom teu texto, lembrei do a bíblia diz que Há TEMPO para TUDO , tempo de juntar e tempo de separar, e algumas pessoas tem nos seus relacionamentos essa experiencia, é bem verdade que algumas desses tempos não são tão bons pois tiram de nós o que mais gostamos, mas uma coisa é certa em cada um desses TEMPOS aprendemos alguma coisa e que elas passam.
Quero aproveitara e te dar os parabéns pelo seu texto esta participando do TOP FIVE lá no Recanto da Mamães blogueiras.
UM belo dia
OI Gi, fiquei emocionadaa em ler seu post, nem sei o que falar! Mas saiba que é mto importante p nós daqui do blogue, beijinhos
MÔ
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