14 setembro 2007

Que arte!

Vazamento I

Sobre alguns fabricantes de fraldas - de duas, uma: ou nunca tiveram filhos, ou não têm mãe.

Vazamento II

Existem duas coisas que os bebês fazem muito. Primeira, cocô. Segunda: cocô na justa hora em que estamos trocando suas fraldas.

O bebê (quando é muito novinho) não entende o motivo da troca de fraldas. Já percebi. Quando é colocado sobre o trocador, de barriguinha para cima e com os braços soltos, fica olhando a mãe e o pai com um desdém descarado que revela seus pensamentos:

“Lá vem aquela mulher, de novo, com esse algodão em bolinhas. Que fixação no meu bumbum! Deixasse minha situação do jeito que estava; não entendo querer tirar com água morna essa coisa amarela que, afinal, me pertence! Que destino ela dá a isso? Será que vai comercializar? Só isso explicaria tamanha obsessão dessa moça e daquele sujeito de barba (outro que não bate nada bem). Cada vez que me deitam aqui nesse negócio plastificado, tiram minha roupa e esfregam tanta bolota de algodão, mas tanta – que acaba saindo mais meleca amarela do meu bumbum!”.

Então, existe o cocô “ao vivo” e o cocô “gravado”. O gravado é aquele que encontramos já impresso na fralda (a tiragem varia conforme o dia, depende do apetite, de quanto mamou etc). O cocô ao vivo é aquele feito de improviso, na hora H, sem ensaio, sem rede de proteção, e pior: sem fraldas.

Ainda na categoria “ao vivo”, existe o acústico e o elétrico. O primeiro é brando, soa mansinho e não chega a pôr muita gente para dançar. Já o elétrico pode ser ouvido – e lançado - a longas distâncias, por exemplo, um armário, a blusa nova da mamãe ou a parede branca do outro lado do quarto.

Há quem diga que um cocô ao vivo só é produzido se houver pressão do mercado – ou seja, levantando-se as perninhas do bebê e comprimindo, com isso, regiões perigosas. Discordo. Se um bebê deseja expressar sua criatividade sem ensaio, qualquer palco é palco.

Começam mesmo muito cedo a fazer arte.

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