16 fevereiro 2014

Pra mim já deu...


Hoje me peguei deixando de participar de dois grupos no Facebook. Ambos eram "maternos", um sobre religião e outro sobre informações diversas entre mães da região onde moro.
Não sei se deixei os grupos por maturidade ou imaturidade mas, pra mim chega de ouvir certas coisas e sofrer calada com elas.
No grupo sobre religião, do qual eu já nem participava ativamente por já ter presenciado um episódio de intolerância, uma mãe preocupada com o comportamento "agressivo" de seu bebê de dez meses, relatava que o filho havia empurrado uma bebê mais velha por conta de um brinquedo. Algumas mães opinaram, assim como eu, que esse é um comportamento normal pra idade, aquele bla, bla, bla que a gente já conhece.
Não é que então vem uma mãe de três filhos que resolve ser a dona verdade, dizendo que isso não é um comportamento aceitável, que todas estavam erradas de dizerem que aquilo era normal, que ela deveria sim ficar bem atenta e assistir a um filme chamado "Precisamos Falar sobre Kevin". A pessoa foi de uma insensibilidade, de uma intolerância, de uma ignorância sem tamanhos.
Eu entrei novamente naquela postagem, disse àquela mãe preocupada que não assistisse a filme algum e que, se realmente estava preocupada com o comportamento do filho, que não ouvisse conselhos de Facebook. Que procurasse uma boa amiga, quem ela acreditasse ser uma boa mãe, ou então uma psicóloga que tivesse embasamento científico para ajudá-la. Em seguida comuniquei que por conta da intolerância e da falta de carinho com o próximo que eu percebia naquele grupo de mães que se diziam religiosas, eu estava me retirando do grupo.
No outro grupo, agora à noite, encontro um post dizendo algo assim: "Gostaria de mudar meu filho de escola porque onde ele estuda está se enchendo de pessoas de uma classe mais baixa que a minha. Não acho legal que meu filho conviva com crianças que tem pais que achem correto trabalhar pouco e ganhar menos, andar com um carro mais simples ou sem ar-condicionado. Acho que o exemplo certo pro meu filho é alguém que ame o que faz, trabalhe bastante e depois colha os frutos, podendo viajar uma vez por ano para a Disney, por exemplo. Também não quero que o meu filho sinta ser mais que o coleguinha. Desculpe você que não tem condições de viajar todo ano pra Disney, como eu. É que eu posso e sempre fui. Por isso a qualidade do ensino não é tudo. A realidade social que meu filho vai enfrentar também é importante."
Tudo bem... antes que alguém se revolte, fiz uma pequena brincadeira com o que a mãe escreveu. Ela disse exatamente o contrário do que está aí em cima. 
Disse que a escola onde o filho estuda está sendo tomada por "novos ricos" e ela não quer que seu filho se sinta menos, nem que conviva com pessoas que viajam à Disney todo ano, porque ela nunca foi e nem poderá ir. E que esse tipo de gente só pensam em "ter" e não em "ser".
Mas, me digam? Só porque ela deixou de atacar uma classe baixa para atacar uma classe média, isso deixou de ser feio? O que ela falou deixou de ser preconceituoso? Achei péssimo demais. Não tive nem a coragem de escrever nada a respeito. Só fiquei lendo os comentários das pessoas concordando e tal. 
Não entendo o motivo desse pensamento tão pequeno de que quem tem uma condição melhor, por trabalhar e batalhar, não mereça conviver com o filho dela. Isso é hipócrita, é absurdo.
Nossa sociedade muitas vezes tem essa mania de que preto e pobre é coitado ou ladrão, e rico é sacana e corrupto. Não pode! Está errado!
Está cheio de gente que estuda, trabalha e cresce. E vence! Pessoas são pessoa e só. Cada um do seu jeito, dentro da sua condição. Mas, todas, sem exceção, merecem respeito. 
Todo mundo se indignou nas redes sociais com a Professora da PUC-RJ zombando do cara de regata no aeroporto, dizendo que aquilo parecia mais uma rodoviária. Mas, e o contrário? O contrário pode? Pior é que pode.
Outro dia no elevador de um shopping, funcionários do local falavam ao telefone com uma colega e, ao desligarem, a chamaram de lerda, dizendo que ela "só podia ser loira mesmo!". E eu, loira, estava no elevador. E todos eram negros. E se eu dissesse o contrário ao telefone? Sairia de lá presa. Não é justo, nem é certo.
Portanto, num mundo de tanta intolerância, serei obrigada a ser intolerante também. Não vou mais tolerar comentários hipócritas ou preconceituosos, ou sem amor, ou sem boa energia. Não vou tolerar nada que me tire o riso. Nada que me irrite ou desequilibre a minha energia. Mesmo que pra isso, poucas pessoas restem ao meu lado. Pelo menos, as que sobrarem, eu sei que serão as que valem mais pra mim. E grito bem alto: isso sim, na minha opinião, é ter realmente "valores".


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