28 outubro 2011

Pérolas de um Garotinho



Hoje em dia, uma das coisas que mais me fascinam numa criança é olhar pra ela e imaginar o que ela traz consigo, qual é sua história, o que ela carrega na alma.
Logicamente, as crianças, assim como todos os outros filhotes da Natureza, são criaturas doces e fofas. Seu corpinho pequenino, sua pele macia, seus cabelos macios, nos instigam a querer protege-las e amá-las. E assim, elas crescem, quase sempre, em paz.
Eu não sei como é com outras mães e filhos mas, aqui em casa, em inúmeros momentos, quando me sento ao lado do Lucca e o olho nos olhos lhe pegando para dar um carinho, ele responde ao meu olhar e me olha mais fixamente ainda. Num silêncio profundo, sinto amor puro em seus olhos, sinto que há muito mais entre nós do que o laço de sangue que é do nosso conhecimento. É uma coisa doida, inexplicável. É algo muito maior do que a gente pode sonhar. 
E, além disso, esse garoto que chegou e acampou na minha vida há quase quatro anos, vive me dando lições que me fazem questionar de onde vem essa capacidade de aconselhamento e discernimento. Como pode entender tão bem de sentimentos e expressar isso de forma tão simples e profunda?
Pena que não me lembro de cada coisa que ele me fala, de cada lição que ele me dá. No entanto, ao menos as duas que me marcaram mais, serviriam como lema para levar minha vida inteira...rs. 
Na primeira, estávamos no domingo a noite no shopping, e nenhum caixa de Banco funcionava para tirar dinheiro para podermos pagar o estacionamento. Marido irritado, teve que sair de lá e tentar sacar na rua. E ainda assim não conseguiu. E o pior: eu que o havia deixado sem um tostão furado na carteira sem avisá-lo. Já viu, né? Eu fiquei com o Lucca sentada, enquanto ele tentava resolver a situação. Duas lágrimas escorreram fácil dos meus olhos. Me senti culpada de vir sem bolsa, de ter tirado o dinheiro da carteira dele sem ter avisado, de estar passando por aquele pequeno estresse. 
O Lucca até então estava percebendo tudo mas, numa calma e companheirismo que só ele tem, mantinha o bom humor e brincava de forma sossegada. Mas, ao notar meu choro contido, sentou-se ao meu lado, pegou na minha mão e olhou daquele jeitinho nos meus olhos, dizendo: Mãe, você não pode chorar quando as coisas acontecem. Simples assim. Aquilo me serviu para vários setores da vida naquele momento. Andava muito deprimida, triste, e acho que ele esperou um momento neutro para me dar aquela mensagem. Lindo demais! 
Na hora então sequei minhas lágrimas e segui para a Administração do shopping, onde acabei encontrando outras pessoas que passavam pelo mesmo problema e eles estavam liberando a saída, gratuitamente. Afinal, os clientes não tinham culpa da queda do sistema bancário. Resolvida a situação com uma simples atitude. Se tivesse continuado a chorar, estaria lá sentada até agora. 
Aprendi um dia desses (né, Professor Sávio?) que o sofrimento dói mais que a própria dor. Sentir dor e chorar por algo que nos deixa triste, até nos faz bem, faz parte. Porém, a revolta, a falta de resignação e ficar curtindo a dor, nos traz o sofrimento e nos deixa presos, sem crescimento, sentados eternamente naquele banco.  
Bom, a outra situação também ocorreu nesse meu período de deprê. Após um dia cheio, a cabeça estava mais cheia do que o corpo. Eu estava esgotada, sabe? Sem energias e, o pior: sem querer continuar. Sentei na cama do Lucca para desarrumar a mochila da escola e disse, sem perceber: "Ai, estou tão cansada..." Foi então quando ele virou-se pra mim, com uma entonação de indignação e disse: Mãe, você não pode ficar cansada. Você tem um filho, um 'pai' e um cachorro pra cuidar! Mais uma vez o tiro foi certeiro. Ele sacou que o meu cansaço não era só físico. Aquela frase havia soado pra ele como uma afirmação de quem está quase se entregando. Em sua resposta, ele estava dizendo: você não tem direito de desistir. Você é responsável pelas várias pessoas que cativou. E não pode largá-las assim!
Ele toca o meu coração a cada dia quando acorda, a cada vez que diz que me ama, a cada abraço na saída da escola. Ele é o amor mais puro que já conheci. 
Mas, que fique claro que, mesmo quando passo por essas fases ruins, jamais o deixo me ver sofrendo, triste. Me seguro muito por ele. Mas, crianças são sensíveis. Elas enxergam muito mais do que você pensa estar mostrando.
Agora, ele não é só esse anjinho que estou contando. Não podemos esquecer que ele é um moleque. E a perspicácia também passa pelo raciocínio. 
Vejam só o diálogo: - Mãe, p*t@ é palavrão mas catapulta não é, né? Mamãe orgulhosa responde: - Isso mesmo, filho! E assim, nascia um novo palavrão. Eis que ele me solta o "Catapulta que o pariu!". Posso com ele?

4 comentários:

Claudia Bonello disse...

Io Gi....
Que post renovador...
Lindas as palavras...
E mais lindo é saber que realmente tem alguém que te espera ansiosa, e ao te er fica feliz...
Parabéns pelo lindo filho...

Ah adorei o novo "palavrão"..kkk

Bjs

Valquíria disse...

Gi, realmente é o amor mais puro e sincero que existe.Quando eu acho que é impossivel amar mais, meu Gui vem com essa tiragens e pérolas que me cativam tanto que o amor dobra mais uma vez ou seja é infinito!!!Lucca está de parabéns!!!
beijinhos,
Val e GUi

Ingrid Faria disse...

Gi, amei a sua postagem.

Que lindo!!!!
Amei a fotinho

Beijos

P.S: Esse menino tá que tá hein?

Rogeria disse...

Olha que os ensinamentos do Lucca estão servindo pra mim nesta hora,já sentei e chorei,vou levantar e seguir pra "administração do shopping",rsrsrs...criança é sempre assim,são observadoras e notam até o que nem nós ainda percebemos...
Grande bj,pra mim foi maravilhoso chegar no teu blog hj,fui fazer uma limpa na minha barra de favoritos e tava ele ali escondidinho...grande bj,eu não falo palavrão...mas vou aderir ao "catapulta q te pariu"...huahuahuahauhua

Ah!Meu blog tá fazendo um ano e tem sorteio de um livro ótimo,passa lá!!!!Rogéria Thompson

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