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10 ATITUDES PARA SE EDUCAR BEM
1 ...ensinarmos que errar é humano
Ainda mais importante que gritar “muito bem” a cada vitória do filho é saber acolhê-lo quando ele erra. Claro, elogiar quando ele é o único da classe que sabe a resposta é moleza. O difícil é saber como agir na hora em que ele bate no amiguinho, não consegue fazer a tarefa, mente...Pois é, nosso filho não é perfeito, mas quem é? Então... Filho erra, como todo mundo, ora. E ainda bem, porque, sem errar, não tem como aprender. O exemplo clássico de como a gente aprende errando está nas brincadeiras e nos jogos. “Ok, eu errei essa bola, mas existe uma infinidade de possibilidades erradas de rebater essa bola e eu vou tentar todas até chegar à certa”, exemplifica Ann Marie Guilmette, especialista canadense em brincadeiras.
E acolher não é sinônimo de passar a mão na cabeça, não. A carioca Luciana Tecídio, mãe de Maria Clara, 8, e Lucas, 3, procura seguir estas medidas: “Mostro a meus filhos que todos têm qualidades, defeitos, erros e acertos. Quando erram, acolho, mas não deixo de discutir as conseqüências”, afirma. Claro, bater no amigo vai machucar e fazê-lo se afastar, mentir faz as pessoas perderem a confiança em você...Agora, nossa atitude diante do erro da criança pode ser determinante para ela tentar mais uma vez ou vestir a carapuça do fracasso. “Pressionar para que não cometam erros só inibe a experimentação”, explica Susan Isaacs Kohl no livro Como Educar com Amor e Autoconfiança (Ed. BestSeller). Ainda bem que a gente está sabendo dar colo, explicar que errar é humano e que ele pode fazer melhor da próxima vez.
2 ...sabermos dizer:"Ops, exagerei!"
Tem bronca que dói tanto na gente quanto no filho. Muitas vezes, bem mais do que a gente gostaria, exageramos na dose, erramos a mão, descontamos no filho uma raiva que não tem nada a ver com ele: dos problemas no trabalho, das contas pra pagar, aborrecimentos de adulto. Acontece, não tem jeito. E o que a gente precisa saber fazer é admitir que passou do ponto e voltar atrás. Não adianta ficar com culpa. Tem de chegar e ser gente grande para dizer: “Filho, me desculpe, estava nervoso com outras coisas que não tinham nada a ver com você e exagerei”. Eles entendem. E ficam aliviados com a explicação, pode ter certeza. “Até 13 anos, a criança não tem mecanismo para se controlar. Já o adulto tem. Por isso, quando os pais erram, perdem o controle, devem pedir desculpas para a criança. Ela vai perceber que não é infalível”, resume Luiz Lobo, especialista em educação infantil, ex-coordenador do Criança Esperança e consultor do Unicef.
O autor do livro, Márcio Vassallo, pai de Gabriel, diz: “Expor a própria fragilidade é sinal de força e coragem”, resume. A gente assina embaixo e vai tentando não errar e pedindo desculpas quando erra.3 ... escutarmos o filho de verdade e o aceitarmos como é
A gente vive querendo ensinar as crianças e, às vezes, não percebe o quanto elas têm a nos ensinar. Sobre elas mesmas, sobre o mundo,sobre nós... O único jeito de conhecer seu filho de verdade é parando e ouvindo, querendo entender o que ele está te dizendo. “O segredo do bom relacionamento com crianças está, justamente, em saber escutá-las. Normalmente, não se leva em conta a opinião dela. Nas relações de vida prática, já é difícil um adulto ouvir o outro, quanto mais uma criança, mas todos deveriam fazer esse exercício, pois elas são muito sábias. Essa é a educação que mais produz resultados”, diz Wal Ribeiro, presidente da ONG Portal Kids. Permitir que seu filho expresse suas próprias idéias e mostrar que, mesmo assim, ele é aceito é imprescindível. “Assim, a criança percebe que é acolhida e amada mesmo tendo uma postura diferente da dos pais. Ela percebe que não tem de imitar ninguém para ser aprovada e, dessa forma, cria sua autoestima”, explica a psicóloga Solange Wertman, mãe de Raphaela.
“Escuto o que eles têm a dizer. Se não concordo com o que dizem, vou argumentar depois. Tento interferir o mínimo possível. Os filhos não têm de aceitar o que pensamos como verdade absoluta”, afirma Marcello Gazzaneo, pai de Gabriel, 13, e Daniel, 7. Que bom que estamos podendo ouvir o que eles têm a nos dizer. Bom pra eles,melhor pra nós.
4 ...não embrulharmos carinho em papel de presente
A gente reclama da corrupção no Brasil sem perceber que, volta e meia, o problema começa em casa. Pois é, subornamos nossos próprios filhos, substituímos presença, que eles querem e precisam muito, por presente e achamos a coisa mais normal do mundo. “Os pais ensinam os filhos a serem chantageados ou subornados e eles crescem achando que isso é natural”, alerta Luiz Lobo. No livro Pais e Mães Emocionalmente Inteligentes, os autores Maurice Elias, Steven Tobias e Brian Friedlander alertam: crianças motivadas por meio de recompensas não fazem as coisas para se sentirem bem ou para agradar aos outros. “Se quisermos que nossos filhos interiorizem bons comportamentos, o reforço material não é um bom caminho”, concluem.
Claro quer não é proibido presentear; o que pega é quando o presente é usado como moeda. Isso só reforça um padrão de relacionamento baseado no controle e a chantagem, no toma-lá-dá-cá... Como a gente quer, e muito, mudar isso,tem de começar em casa.
5 ...nos relacionarmos com nossos filhos sem máscaras
Criança saca a gente na hora. Não adianta fingir que está bem quando não está, esconder tristeza, raiva, mau-humor...Nada disso funciona. Diante deles, somos transparentes meeeesmo. Às vezes, a gente evita chorar na frente das crianças para poupá-las das tristezas da vida, por exemplo.
Bobagem. A criança vai perceber, lógico. O melhor é explicar o motivo da tristeza de um jeito que ela entenda. Senão, ela pode até achar que o problema é ela. Criança se acha o centro do mundo, lembra? Então, vai lá, conta pra ela que brigou no trabalho, que essas coisas acontecem mesmo e depois passam. É normal ficar triste, ué, todo mundo fica. Cutucar o filho, numa noite em que você precisa de aconchego e chamá-lo pra dormir na sua cama porque, dessa vez, é você que precisa de um cafuné é um luxo total... Mostrar-se humano, ao alcance dos filhos, facilita, e muito, o relacionamento.Quando completa 3 anos, pequena assim mesmo, a criança deixa de ter uma postura egocêntrica em relação ao mundo e começa a perceber que os pais não são superheróis. A gente é que demora mais para sacar que não precisa fingir que é. Nesse momento é que a gente, adulto, pode tornar o mundo mais acessível e transparente.“Temos a vantagem de estarmos aqui há mais tempo. Já tivemos a oportunidade de muitas experiências.
“Meu filho já me mandou parar de fumar várias vezes. E eu dizia: ‘Olha, você tem toda a razão, mas é difícil’. Sempre deixei claro para o meu filho que eu não sou uma supermãe. Também fico nervosa, também tenho medos, também tenho conflitos. Temos de mostrar para eles que o mundo adulto não é o mundo perfeito, não é o mundo ideal, onde nada de ruim acontece com a gente”, defende Regina Fontes, fonoaudióloga.
6 ...estarmos com o filho por inteiro
Seu filho quer sua atenção, mas você fala com ele sem desgrudar o olho da TV ou da tela do computador. Não tem jeito, filho quer inteiro e não pela metade. Então, quando estiver com seu filho, esqueça o mundo e se concentre nele. Pode ser naquela hora em que ele pega os livros preferidos pra você ler, quando vem te mostrar a pasta de desenhos ou pede que você brinque de monstro.
“O meu pai era meu herói porque, todo o tempo que ficava comigo, sempre foi o mais intenso possível. Ele brincava horas e horas comigo. Montava forte-apache,consertava autorama, fazia pipa, me ensinava a nadar, me permitia o riso, me permitia a dor, conversava, conversava, conversava, me acolhia, me abraçava...Outro dia, meu filho me chamou para ver a lua. Eu fui com ele até a janela de casa e a gente ficou lá um bocado de tempo, de mãos dadas, sem dizer nada um pro outro, gastando a lua no olho. Acho que ser herói do filho é gastar a lua no olho, todo dia, toda noite, sempre que você estiver por perto, e mesmo de longe, por telefone, por e-mail, por carta, por pombo-correio. Mas essa é a minha forma. Tem outras. Cada um precisa achar a sua”, reflete Márcio Vassallo, exemplificando a capacidade de saber visitar o mundo do filho.
Escolher uma atividade que pais e filhos curtem pode ser a melhor opção para estreitar os laços, principalmente quando os pais são separados. “Sou surfista e, como minha filha adora praia, basta fazer sol para eu colocá-la no carro e seguirmos em direção a uma. Ela já me pediu até uma miniprancha para brincar comigo na água. É o nosso momento”, afirma o carioca Marcio André, pai de Mariana.
7 ...valorizarmos o fato de o filho existir e ser como é
Aceitar o filho como ele é, sem tentar modificá-lo. Aceitar que ele tem defeitos e qualidades. Essa é a base do respeito, da aceitação, do amor. A ginasta Daiane dos Santos, hoje considerada um fenômeno, era alvo de reclamação na escola. “Certa vez me pediram que tomasse providências em relação à hiperatividade dela, que a levasse ao psiquiatra para tomar ritalina [remédio para inibir a hiperatividade]. Não obedeci. Levei-a para praticar esporte. A ginástica foi a ritalina dela”, diz Magda dos Santos. O resultado foi uma campeã que chama a atenção de todos por causa de sua capacidade de auto-controle. “A Daiane desenvolveu um controle emocional que deixa a todos embasbacados. Ela determina um foco e vai atrás daquilo, é obstinada”, explica Ruth Pauls, psicóloga que acompanha a atleta desde 2000.
“Ao mostrar que percebemos e reagimos favoravelmente às suas características, estamos lhes ensinando quais são seus pontos fortes. Uma professora me contou, recentemente, que diz com freqüência a uma criança como suas qualidades positivas a afetam. Ela pode dizer ‘vi como você foi valente quando alguém xingou hoje e você não respondeu nada'. Tornar as crianças conscientes das próprias aptidões irá ajudá-las a encarar a vida com confiança”, afirma Susan Isaacs Kohl em Como Educar Com Amor e Autoconfiança. Elogio demais é tão prejudicial quanto crítica exagerada. “Muito elogio pode criar expectativas erradas. Não se deve dizer ‘meu filho só tira dez na escola, é o maior'. No dia em que ele não tirar, pode ficar decepcionado e entrar em um processo negativo em relação à autoestima”,explica Luiz Lobo.
8 ...lembrarmos que pai e mãe também são gente
Para estar inteiro na relação com o filho, não podemos esquecer que temos nossas necessidades também. Ficar em cima da criança 100% do tempo não é bom nem para ela, quanto mais pra gente. Para se desenvolver bem, a criança precisa de um tempo só com ela mesma. Se você cuidar de você direitinho, preservar o espaço para namorar o marido (ou mulher ou namorado ou namorada mesmo), para cuidar de outras coisas que sejam importantes para você, vai poder se dedicar muito mais na hora em que estiver com os filhos.
É bom repetir isso sempre, porque a maldita da culpa não larga a gente, é ou não é? Quando estamos no trabalho, vá lá, é para pagar a escolinha, o aluguel, não tem como escapar. Mas se é para se divertir, logo já ficamos mal, achando que estamos roubando tempo das crianças.
Para a psicóloga carioca Étila Ramos, mãe de Bruno e Lucas, esse espaço deve ser estabelecido no dia-a-dia. “Os pais devem preservar a intimidade, a própria individualidade.Eles têm de delimitar seu espaço e mostrar até onde os filhos podem ir, senão acabam se misturando.” A especialista Susan Isaac Kohl considera o descanso uma fonte de equilíbrio: “Quando nos cansamos de nos dedicar aos outros e não cuidamos das nossas necessidades, é quase impossível raciocinar de maneira equilibrada. Perdemos a reserva de autocontrole”, afirma. E daí para explodir à toa é um pulo. E a culpa é muito pior do que a de pegar um cineminha com o marido. Para não perder o hábito, repetimos: mãe e pai também são gente.
9 ...entendermos que, depois que os filhos nascem, a vida muda
Depois que a gente tem filho a vida muda, não tem jeito, não adianta fazer de conta que não é com você. Tanto que a gente, aqui, brinca que, em casa de casado sem filho, a rotina pode ser de solteiro. Já em casa com filho, sendo casado ou solteiro, passa a ser vida de casado, necessariamente. Tem de ter comida pronta na hora certa, fruta na geladeira, roupa lavada e passada, não dá para ter festa todo dia nem trazer namorada a hora que bem entender etc. etc. etc. (e põe etc. nessa lista).
“Os pais solteiros terão as obrigações do casamento sem usufruir de seus benefícios”, pondera Luiz Lobo. Tanto que pai solteiro se identifica muito mais com as mães do que com outros pais casados. Porque tem de segurar uma onda muito maior em relação à cria. É isso mesmo, não dá para fingir que a vida é sua e você faz o que bem entender sem precisar dar satisfação a ninguém. Filho precisa da gente, que a gente ponha ordem nas coisas, dê exemplo, é isso aí, sim, não tem como escapar. “Quando vou apresentar uma namorada, passamos a sair como amigos quando estou com meus filhos, pelo menos no início do relacionamento.
Não posso ficar agarrando e beijando a mulher toda hora na frente deles. As coisas têm de acontecer naturalmente, respeitando o espaço deles”, explica o carioca Marcello Gazzaneo, pai de Gabriel, 13, e Daniel, 7. Então, completando: mãe e pai são gente, sim, claaaaaaaro, mas também têm de lembrar que nunca deixam de ser mãe e pai na vida.
10...deixarmos o filho se relacionar com outras pessoas
Pode ser que você tenha um relacionamento difícil com a sua mãe, mas isso não impede que seu filho adore a avó. O pai (ou a mãe) tem um jeito diferente de lidar com ele, mas nem por isso melhor ou pior. Deixar seu filho se relacionar com outras pessoas, amigos, irmãos, babá, mesmo que não tenha um bom relacionamento com elas, é uma boa oportunidade de fazer com que ele exercite o direito da escolha. Em vez de impedir o relacionamento, o psiquiatra Içami Tiba aconselha os pais a conversarem com os filhos e explicar o que incomoda na outra pessoa. “Os filhos precisam da posição dos pais para se organizarem.
Não interferir tem limites, mas, cuidado para não se intrometer no que o filho já decidiu. Não são as proibições que regem uma boa educação e, sim, as descobertas do motivo pelo qual algo não deve ser feito”, diz. O especialista alerta que os pais não são os donos da verdade por estarem nessa posição. “Não é porque sou pai que não tenho problemas. Às vezes, os filhos percebem o quanto os pais estão errados e ficam do lado do outro.”
Ele considera isso saudável – “desde que a defesa do nosso desafeto não seja conseqüência de uma birra!”, diz. É, a gente põe filho no mundo e aí as escolhas são dele, os erros e acertos também. E é assim, errando e acertando, que aprendemos a ser pais melhores. Ainda bem.
3 comentários:
Oi Gi.
É sempre bom lermos dicas como essas, as vezes entramos no automatico com algumas atitudes e nem percebemos, e é preciso acordarmos.
Muito boas as dicas.
Beijinhos
Paula
Esses textos são ótimos e nos ensina muito e crescemos como mãe.
Sou fã do seu blog e sempre passo por aqui. Que linda a viagem à Disney... um sonho nosso aqui em casa, que vamos realizar também.
Bjinhos
Adorei o texto...muito bom os toques, os lembretes. Bjs
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