06 novembro 2009

A transformação do Lucca

Aviso desde já: este post é longo mas, para as mamães que ainda não passaram por essa fase ou estão passando, vale a pena ler e se preparar e se identificar.
Nos últimos dias o Lucca anda muito diferente. Engraçado como, de uma hora pra outra, seu comportamento de neném mudou para de criança. É sério! Ele continua carinhoso, apegado, bonzinho, mas quando resolve querer alguma coisa, aguenta. E anda cheio de vontades próprias! Ele dentro de casa continua quase igual. A gente consegue distrai-lo e fazê-lo mudar de idéia sem que perceba. Mas, na rua isso é quase impossível. Ontem por exemplo, fomos ao shopping com os avós. Ele queria ficar só na escada rolante e depois só no elevador. Quando a gente saía desses lugares, ele gritava, dava tapas na gente e se jogava no chão. Aquele mais puro mico a ser pago por uma mãe que atualmente paga sua língua.
Outro dia fomos a uma pizzaria e ele queria ficar só na escada de entrada. Quando peguei ele no colo pra entrar, ele grudou nos meus cabelos e puxou e gritou. O velhinho dono da pizzaria que estava ali falava: "Assim não pode, assim não pode...". E eu rindo, disfarçando a vergonha, vermelha até a ponta do dedo do pé, só falava na orelha dele em tom de ameaça, bem baixinho: "Solta meu cabelo, Lucca". Ele soltou mas deu um show sem cobrar couvert pra todo mundo que tava jantando.
Já li muito sobre isso e sei que são os terríveis dois anos se aproximando. Então, consigo controlar tudo até que numa boa e depois até rio da situação. Resumindo, o que acontece com ele, e outras crianças nessa fase, é que ele quer fazer algo e sua capacidade de entendimento não alcança o motivo de eu não deixar. Daí, ele começa a ficar irado, bravo mesmo com aquilo e não sabe ainda lidar com esses sentimentos nem expressá-los em palavras, para argumentar comigo. Assim, ele dá aquele show que trata-se da mais primitiva forma de expressão. É como se ele fosse um menino das cavernas, como ótimamente definiu meu ídolo, Dr. Karpp. Ele não tem modos, ele não fala minha língua e é totalmente bruto na formas de lidar. Bruto no sentido literal mesmo da palavra. Tanto é assim pra brigar quanto pra fazer carinho. Às vezes, ele me pega, me abraça forte e encosta a boca no meu rosto tão forte que quase me machuca. Então, minhas queridas, a palavra do dia, da semana, do mês e quiçá do ano, é paciência. Terei que ser muito paciente, firme e amorosa nessa fase. Devo dizer não somente quando necessário e, ao dizê-lo, devo mantê-lo até o fim suportando as consequencias. Se eu ceder uma vez, ele aprende o caminho.

Mas, apesar disso, ele continua sendo o mais doce neném do mundo, me enchendo de carinhos e atenções, continua aprontando suas peraltices e deixando todo mundo bobo com sua esperteza. Então, separei carinhosamente o texto abaixo para nos ajudar a entender e como lidar com essa fase, para sabermos diferenciar a famosa birra daquilo que podemos considerar forma de expressão típica da idade.

TERRIBLE TWOS!
Era Uma Vez... Birras e Lágrimas aos 2 e 3 anos de idade


Um longo caminho foi percorrido desde o bebe indefeso se tornar numa criança de 3 ou 4 anos, relativamente independente e pronta para ir para o jardim-de-infância. É uma viagem fantástica de descoberta – mas também pode ser um percurso por vezes difícil para você e para o seu filho.
À medida que as crianças se aproximam do seu segundo aniversário, começam a querer fazer parte de tudo o que se passa à sua volta – explorando e brincando, observando e imitando os outros, usando as suas primeiras palavras. Começam também a sentir pela primeira vez que são uma pessoa, dentro de um mundo fascinante cheio de outras pessoas, e querem fazer parte desse mundo.
Como é ter-se 2 ou 3 anos?
O seu filho de 2 anos está a descobrir todas as coisas que não pode ou não deve fazer, vivendo numa constante batalha entre os seus intensos desejos, vontades e medos. E vai sentindo certas coisas que não consegue ainda manejar sem ser através de birras ou choros. A criança de 2 anos está ainda a descobrir quem é, e aquilo que sente acerca das pessoas que o rodeiam e que cuidam dele – porque é que, afinal, as adora num momento, para os odiar logo a seguir. E as crianças de 2 anos ainda não sabem simplesmente pedir ajuda… em vez disso, bombardeiam os adultos com pedidos contraditórios, que apenas refletem o quão confusos e indefesos se estão a sentir.
A criança “mandona”
Algumas crianças têm dificuldade em sentir-se pequeninas e indefesas. Recusam-se a aceitar que existem certas coisas com as quais ainda não conseguem lidar – e tornarem-se “mandonas” pode funcionar como um truque para encobrir esta dificuldade e fazer os outros sentirem-se pequenos.
Por vezes conseguem ser tão convincentes que, como pais, parece que às vezes nos convencem que não precisam de nós. Mas a criança de 2 anos, “mandona” e autoritária, precisa mesmo muito de quem lhe dê amor e cuidado, mesmo quando parece não precisar dele.
A criança “embirrenta”
Muitas crianças de 2 e 3 anos desenvolvem todo o tipo de manias e rituais, nas quais insistem absolutamente. Do ponto de vista de um pai, estas manias podem parecer disparatadas e quase tirânicas! Mas para a criança pequena, o que significam?
Toda as pessoas que a rodeiam esperam que a criança pequena deixe de ser um bebé e que se torne mais independente. Mas a criança pode sentir que os crescidos estão sempre a interferir e a mandar nela. Quando insiste em vestir alguma coisa estranha, ou em fazer as coisas numa determinada ordem, pode estar simplesmente a tentar fazer os pais reconhecer que ela também tem as suas escolhas e as suas preferências.
Por vezes, pode ser útil ceder naquelas coisas pequenas que realmente não têm importância. É também uma forma de ensinar às crianças como às vezes se pode ser flexível. E não vão faltar ocasiões em que a criança queira fazer alguma coisa impossível ou realmente perigosa – aí terá oportunidade para lhe ensinar acerca do “não”, para além de poder “praticar” o lidar com as suas lágrimas… As birras por vezes estão ligadas a preocupações ou anseios para os quais a criança não consegue simplesmente arranjar palavras, e por isso não pode falar sobre isso com os pais. E quando quer a todo custo evitar certos objetos ou situações, talvez seja apenas uma forma de procurar controlar os seus medos.
De fato, aquilo que realmente preocupa a criança pode não ter nenhuma ligação óbvia com as coisas sobre as quais está a fazer uma birra – mas é mais fácil procurar controlar aquilo que a mãe lhes põe no prato, do que certas ansiedades que não compreende...
Este tipo de “birras” tem tendência a desaparecer, mas se o comportamento do seu filho se tornar particularmente difícil, pode ser importante procurar perceber se se encontram sobre algum tipo de stress particular, e eventualmente procurar ajuda.
A criança “bebe”
Algumas crianças parecem dizer “prefiro ser pequenino”. Um filho que seja muito agarrado aos pais e cheio de receios de partir à descoberta do mundo pode tornar-se muito exigente, de uma forma diferente daquelas crianças que são “mandonas”.
Como pais e educadores, precisamos de saber que, de uma forma geral, o desenvolvimento dos nossos filhos está a decorrer segundo a ordem natural das coisas. Por isso, quando os nossos filhos têm comportamentos “abebezados” isso preocupa-nos pois faz-nos pensar que as coisas estão a andar para trás. É também muito extenuante para os pais por vezes não saberem se afinal têm um bebe ou um menino ou menina já crescidos em casa.
Quando sente que, de alguma forma, não está a acertar com as suas escolhas em relação ao seu filho, o mais provável é que o seu filho, também, se esteja a sentir muito confuso.
A criança “amedrontada”
As situações novas podem ser assustadoras. As crianças de dois ou três anos por vezes sentem-se bastantes aflitas com novas situações, especialmente se pensam que isso implica serem deixadas ao cuidado de outras pessoas. Vale a pena ser sincero com o seu filho acerca de situações novas – tal como o nascimento de um irmão ou uma mudança nas suas rotinas habituais – para que não se sinta “enganado” ou demasiado desprevenido. Face a uma mudança importante, dê bastante espaço ao seu filho pequeno para uma dose considerável de birras e fitas, que com certeza passarão com o tempo, especialmente se levar o seu filho a sério nos seus receios e o ajudar a transformá-los, conversando e brincando.
Por vezes, aquilo que assusta as crianças pequenas está dentro delas, e não em qualquer mudança importante na realidade que o rodeia. É nesta idade dos dois a três anos que as crianças começam a relatar sonhos maus e por vezes, terrores nocturnos. É importante que saiba que estes sonhos maus fazem parte do desenvolvimento normal de todas as crianças nesta idade. Por vezes, os sonhos estão relacionados com algum evento vivido que os tenha assustado ou preocupado, mas muitas vezes não estão associados a nenhum acontecimento específico, mas sim a “sensações”, de medo ou terror, vividos pela criança.
Pode dar-se o caso de não conseguir chegar a perceber o que realmente os preocupa. Mas é muito tranquilizador para a criança pequena, que está a lidar com emoções que muitas vezes não conhece, sentir que um crescido está a tentar compreender o que se passa com elas. As birras de temperamento
A criança pequena lida com sentimentos muito intensos ao longo de todo o dia. Se está a ser capaz de se manter mais ou menos estável ao longo do dia já está a fazer um ótimo “trabalho”! Mas só é natural que haja alturas em que não consegue sustentar um bom comportamento… por vezes as crianças pequenas parecem “explodir”, gritando e atirando-se ao chão a pontapear. Quando o seu filho se lança numa birra aparentemente caprichosa, está a mostrar-lhe como se sente dentro dele, sentimentos tão intensos que não consegue encontrar uma saída mais pacífica. Provavelmente estão assustados, e zangados, porque a sua raiva parece ser tão avassaladora e poderosa que quase perdem a imagem boa da Mãe e do Pai. Por vezes, significa apenas que atingiram um estado de exaustão ou excitação tal que não conseguem lidar com ele de outra forma.
Ao contrário do que se pensa, as birras não são feitas apenas para chamar a atenção. As birras acontecem porque a criança não consegue comunicar de outra forma, muito menos por palavras. Por isso as birras têm tendência para desaparecer com o crescimento, pois as ansiedades do crescimento deixam normalmente de ser tão avassaladoras, mas também porque a criança vai aprendendo a usar palavras para exprimir o que sente. A criança não precisa que encontre uma solução milagrosa nem que o “compre” com guloseimas (embora toda a gente o faça de vez em quando!). Precisam de saber que, mesmo quando se sentem indefesos e desnorteados, alguém os protege de se magoarem, alguém continua a cuidar deles e a amá-los.
Quando devem os pais estar preocupados?
Por vezes os pais sentem que as birras dos seus filhos não são daquele tipo habitual que têm tendência a desaparecer, e que rapidamente se transformam em ataques de raiva muito difíceis de controlar. Por vezes constatam que a criança demora muito em começar a falar, ou que tem dificuldade em brincar e em estar com outras crianças, ou ainda que parece estar sempre agitada, sem conseguir retirar prazer de nenhuma das múltiplas actividades em que se vai envolvendo. Por fim – e isto pode ser o mais doloroso – por vezes os pais podem sentir que se instalou uma espécie de barreira entre si e o seu filho.
Se as suas preocupações são desta natureza, é realmente importante procurar ajuda de um especialista. Não é boa ideia ignorar estas situações na secreta esperança que se resolvam sozinhas.

8 comentários:

Monica disse...

Engraçado, acabo de ver outro blog que tambem estava falando sobre isso, a mae do Astronauta fez uma serie de posts explicando as birras e os terribles twos, muito bom.
Passa lá para conferir.
Cheguei aqui atraves do Guia Pratico e estou adorando teu blog.

até mais

Eliane de Sá disse...

Menina, amei esse post!
As coisas que você relatou do Lucca coincidem com as que estou vivenciando com o meu pequeno!
Você tem razão, como é preciso paciência para não perder o controle!!!
Também gostei muito do texto! Parabéns pelo post!
Beijos,
Eliane e André

Dri disse...

Oi Gi, essa fase é meio complicadinha, né..
O Kevin tinha mania de morder a gente quando ele era contrariado...já o Caio está começando a dor seus showzinhos hahhah. Mas mesmo assim eles continuam uns fofos.
Beijokas pra vc e pro Lucca

Lu disse...

Oi Gi, o Felipe tá indo pro mesmo caminho do Lucca, e saber que não é só ele que age e reage assim tranquiliza o meu coração de mãe... e como você tô pagando minha língua, rs
Adorei o post.
Bjinhos e uma boa semana pra vocês

nhirla disse...

Ola! Ja escrevi aqui uma vez, qdo vc ia fechar o blog, ai escrevi dando o meu email. Bom Faz mais de um ano que acompanho seu blog. Tenho 2 filhas, Elis e Yanni, 01 e 10 meses e 04 meses respc. Bom adoro seu blog, acho vc uma mae e mulher incrível. Quero agradecer pelo post que vc escrevu no dia 21/10, nossa, aquelas palavra me tocaram MUITo. Eu estava deixando as dificuldades tomarem conta da vida e me fazendo não ver as delicias de ser mae de 02 joinhas!! Suas palvras me fizeram mudar.
Ja votei em vc p mamae dermodex, e é lógico que estou na torcida. Beijos
http://tinyurl.com/ygg3lsv

paula disse...

Giovanna,adorei sua visita no meu blog apareça sempre posso te linkar?

essa fase de birras também estou passando.

boa semana

beijos

Nathália Martins disse...

Querida Gi,
Obrigada pelo post.
Tb estou passando por essa fase.
Felizmente essas cenas acontecem em casa.
Imaginei vc vermelha de vergonha na pizzaria :) E o pior é que o 'povão' não entende, né?
Paciência é a palavra chave, mesmo!
Beijinhos***

Anônimo disse...

oi Gi.
ja deu p perceber o q me espera. rsrs
otimo post.
bj a vcs

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